(PUBLICADO NO JORNAL O GLOBO - PAG. OPINIÃO - 25/06/2011)
Uma questão de prioridades
OSIAS WURMAN
É chocante o contraste entre a agilidade com que a União Européia luta para salvar a Grécia da bancarrota por gastança e incompetência, e a leniência com que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas trata do massacre de civis pelo governo sírio.
A cada sexta-feira vem se repetindo, após as orações islâmicas, a repressão militar com dezenas de mortos e centenas de feridos nas ruas das cidades da Síria e, em reação, apenas uma acusação anêmica da União Européia de que o governo do Irã, com fornecimento de armas, está ajudando ao governo sírio na repressão ao seu próprio povo.
Nada de concreto e efetivo da parte dos governos ocidentais, para impedir a continuidade deste massacre na Síria.
Em nossos dias, as crises financeiras têm merecido muito mais atenção mundial do que as crises humanitárias.
Lembram-se da recente catástrofe no Japão?
Alguma notícia recente sobre ajuda internacional ao país-símbolo da prosperidade e crescimento baseados na dedicação de um povo ordeiro e trabalhador?
As manchetes das últimas semanas no mundo todo têm sido, de forma quase repetitiva, de que o FMI ou a União Européia vão promover uma reunião de emergência para salvar a Grécia, Portugal, Itália, Irlanda e outros tantos...
Nesta semana completam-se cinco anos do sequestro de Guilad Shalit, soldado israelense, num ato terrorista do Hamas em solo israelense.
A Cruz Vermelha acaba de divulgar um veemente protesto contra o Hamas, pedindo prova de vida do seqüestrado, de quem a ultima notícia dada foi em outubro de 2009, quando um vídeo foi divulgado.
Alguém vai tomar alguma providencia, a nível institucional internacional, como a ONU em sua Comissão de Direitos Humanos?
O Estado de Israel ofereceu libertar 1.000 prisioneiros palestinos em troca de Shalit, mas o Hamas quer incluir a libertação de criminosos envolvidos em assassinatos, em troca de um inocente soldado que nunca entrou em combate.
Vamos passar a tratar de salvar a vida dos sírios massacrados, e libertar Shalit, ou continuaremos falando apenas das moedas?
OSIAS WURMAN é cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro
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